Há quase um ano, mais precisamente dia 15 de setembro de 2014, estava voltando para Extrema quando resolvi sair da Fernão Dias e checar como estava a represa pelos lados de Piracaia. Embora acompanhasse pelos noticiários, fiquei estarrecido com o que vi, as imagens da terra quebradiça não saíam da minha cabeça, era a hora de rever os nossos hábitos e tentar de alguma forma de contribuir com o nosso sofrido meio ambiente.

Os ensinamentos do professor Olgierd Ligeza Stamirowski, que foram colocados em prática na "Reserva Florestal do Sauá", reflorestando quase a totalidade da área fizeram com que passássemos a fase mais aguda da estiagem sem problemas com a falta de água enquanto nossos vizinhos viram as nascentes secarem no meio do pasto.

Naquele tempo ninguém falava de meio ambiente, poucos respeitavam a natureza , ele foi um visionário para sua época agradeço profundamente a educação e a preocupação ambiental que me foi dada.

De alguma forma gostaria de contribuir com a preservação do nosso combalido Sistema Cantareira que a apenas cinco anos atrás, corria o risco de rompimento da barragem devido ao excesso de água pondo em risco as cidades ribeirinhas como a de Vargem.

Mas não sabia como....certa vez cobrindo o FENAC parei para conversar com Luiz Henrique, professor e diretor do Ballet homônimo, lembrei que há alguns anos fiz algumas imagens de uma adaptação para Ballet de "Morte e Vida Severina" de João Cabral de Melo Neto, daí surgiu a ideia de um ensaio fotográfico no leito da represa...

Luiz Henrique adorou o projeto e comecei a procurar uma locação para as fotos, não é fácil ter acesso a represa pois os terrenos são particulares, mas finalmente consegui um acesso próximo ao ponto em que realizaríamos o ensaio, próximo passo pensar na produção, coreografia, vestuário, equipamentos, escada, cabeça de boi , quem tem uma cabeça de boi? Opa o Rodrigo conseguiu uma!!!!

Tudo pronto lá fomos para a represa enfrentar o sol, a lama, a qual afundei por duas vezes. Pega a escada, segura o rebatedor, água para o pessoal que está derretendo, aí não que afunda, cadê o facão e o monopé? Tudo devidamente documentado pelas lentes da Simone...

E o resultado acho que valeu a pena e gostaria de compartilhar com vocês e que de alguma forma, este venha a contribuir na divulgação do estado em que se encontra o Sistema Cantareira, para que possamos refletir e repensar nossas atitudes...

Mas antes de terminar não poderia deixar de agradecer a todos que abraçaram este projeto de corpo e alma...

Rodrigo Mazzola grande fotógrafo e amigo, Luiz Henrique e Paula que fazem da dança sua paixão, obrigado por tornar este sonho possível e aos bailarinos que enfiaram o pé na lama , (literalmente), caminharam descalços pelo chão pedregoso e escaldante mostraram um profissionalismo impressionante e deram alma as estas imagens

Obrigado

Ricardo Q. T. Rodrigues